Como tornar o Acesso Aberto mais fácil

A adoção de políticas e práticas abertas é uma realidade e abrange os diversos intervenientes que participam em gestão de ciência: entidades governamentais e financiadoras, universidades, editoras, autores, etc. À medida que se adotam padrões abertos, é impreterível que todas as partes implementem, nos seus sistemas, normas abertas que promovam a interoperabilidade e a exposição alargada da produção científica.

Em 2011, Y. Wang foi o autor com mais publicações científicas em todo o mundo, tendo participado como autor único, ou co-autor, em 3.926 publicações. O equivalente a uma razão de mais de dez publicações por dia. Não sabia deste facto ou nunca ouviu falar dele? É natural. Este feito hercúleo apenas foi possível por existirem inúmeros autores com a combinação Y. Wang, sendo quase impossível a sua distinção apenas com base no identificador “nome”. No entanto, se ao nome Y. Wang estivesse associado um identificador único que permitisse distinguir autores que partilham o mesmo nome, este feito nunca teria acontecido.

Tal como o ISSN distingue duas obras com o mesmo título, um identificador de autor permite, de forma fidedigna, relacionar uma determinada produção científica com o seu verdadeiro autor. Através de um código único de identificação composto, geralmente, por um conjunto de caracteres alfa-numéricos, é possível estabelecer-se a associação entre: autores, produção científica, organizações e projetos financiados. Este tipo de associação terá impacto na precisão e amplitude das métricas científicas, permitindo o desenvolvimento de outro tipo de análises e implementação de novos serviços.  

Num ecossistema de gestão de ciência em que todos os sistemas conseguem interpretar e comunicar este tipo de identificadores, um autor verá as suas tarefas bastante facilitadas. Em vez de ter que introduzir a sua informação em inúmeros formulários de diferentes plataformas, como por exemplo submissão de artigos ou candidaturas a financiamento, terá apenas que invocar o seu identificador de autor. Como o identificador de autor está associado ao seu perfil, o autor verá toda a informação ser completada de forma automática. Este é o princípio de “Introdução única, reutilização múltipla”, que serve de base aos sistemas CRIS (Current Research Information System). Da mesma forma, o fluxo de produção científica entre sistemas é facilitado, aumentando, significativamente, a sua visibilidade.

Atendendo a que um dos principais objectivos do RCAAP é a divulgação, acessibilidade e difusão do produto da atividade académica e de investigação científica portuguesa, a adoção de normas abertas que facilitem a interoperabilidade entre sistemas, tem sido uma das prioridades.

Em conjunto com a comunidade, tem sido feito um esforço para a adoção e implementação do quadro normativo definido pelo PTCRIS, do qual se destaca: os identificadores de autores, organizações e projetos financiados, e, estruturas e semânticas de dados (tais como Guidelines OpenAIRE 4 ou dos vocabulários controlados do COAR) .

Estas novas funcionalidades, em conjunto com a autenticação por CIÊNCIA ID,  irão permitir interligar os sistemas RCAAP com outros serviços do ecossistema científico, nomeadamente com a nova plataforma de gestão curricular  CIÊNCIAVITAE.