Acesso à informação científica sem barreiras nem restrições? Pagar para ler ou pagar para publicar?

O modelo de acesso à informação científica das últimas décadas pode estar prestes a mudar. Atualmente, o modelo predominante de acesso à informação científica é o de pagar para ler. Consórcios ou instituições em todo o mundo subscrevem os conteúdos de revistas científicas às editoras internacionais como forma de assegurar que seus investigadores acedem aos conteúdos por estas disponibilizados.

O acesso a estes conteúdos científicos é, portanto, determinado pela capacidade financeira de subscrever publicações científicas. Sem dinheiro, o acesso não é viável.

Com o objetivo de democratizar o acesso à informação científica e eliminar outras perversidades no modelo existente, têm sido analisados modelos alternativos. Uma das iniciativas que tem vindo a criar dinâmica a nível mundial é a Berlim2020, liderada pelo prestigiado Instituto Max Planck, que propõe que os montantes gastos em subscrições sejam direcionados para a publicação imediata, admitindo-se o apoio a diversos tipos de fomento desta publicação, sendo a modalidade prosseguida pelo Max Planck o pagamento às editoras, durante um período transicional, do custo de processamento do artigo em acesso aberto, assegurando assim o acesso universal desde o momento da publicação. Numa fase de transição, as licenças com os editores procurarão assegurar, sem custo adicional, que o acesso a todos os conteúdos é mantido.

O sucesso deste novo modelo requer uma adoção a nível global. Países como a Holanda, Reino Unido e a Alemanha estão na linha da frente deste movimento, mas outros países começam a dar passos nesse sentido. Na Holanda, está previsto que em 2017 mais de 50% dos artigos científicos sejam publicados em acesso aberto, tendo esta transição ocorrido, segundo os responsáveis, sem custos adicionais. Este modelo não é do agrado de todos os editores – a editora líder, a holandesa Elsevier, que beneficia de uma elevada concentração do mercado, está a tentar anular ou adiar esta transição. Na Alemanha, por exemplo, regista-se um impasse na renovação das licenças com esta editora.

Existem outros países, instituições e disciplinas em que outros modelos de fomento ao Acesso Aberto estão a ser implementados, alguns deles com resultados surpreendentes.É o caso da Open Library of Humanities, uma mega-revista de Acesso Aberto da área das Humanidades patrocinada por um consórcio de bibliotecas universitárias através de um fundo de contribuição coletiva, em que nem o autor paga para publicar, nem o utilizador final paga para ler e reutilizar a informação científica.

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